Os resultados prévios das eleições para o Parlamento Europeu realizadas entre a última quinta-feira (6) e este domingo (9) já mostram um claro avanço da direita e uma derrota evidente da esquerda no pleito. No entanto, o que se viu até agora nas páginas dos principais veículos de imprensa do Brasil e do exterior foi pouco ou nenhum espaço para abordagens do fracasso esquerdista.
Na imprensa nacional, veículos de maior porte, como G1, UOL e Folha, noticiaram o avanço do que chamaram de “extrema-direita” ou “ultradireita”. O portal de notícias do Grupo Globo, por sinal, afirmou que “partidos do centro devem manter controle do Parlamento Europeu mesmo com avanço da ultradireita”.
Já o UOL, que publicou uma reportagem com o título: Onda da extrema-direita sacode UE e Macron anuncia dissolução de Parlamento, se utilizou de um expediente carregado de clichês e termos pejorativos ao dizer que os resultados parciais no continente registraram “um avanço significativo de partidos ultraconservadores, populistas, xenófobos e de extrema-direita”.
A Folha também focou seu conteúdo nos direitistas ao dizer que a “ultradireita avança, mas centro mantém liderança no Parlamento Europeu”. No texto, são citadas inúmeras informações que comprovam a evolução do bloco à direita, mas poucas linhas são dedicadas à derrocada da esquerda, exceto por um curto parágrafo sobre a “derrota expressiva” sofrida pelo grupo dos Verdes.
Na imprensa internacional, o foco não foi diferente. No americano The New York Times, por exemplo, a reportagem sobre a eleição europeia trouxe a manchete: Nas eleições da UE, o centro mantém-se, mas a extrema direita ainda causa estragos. No conteúdo, o veículo também não discorre sobre a queda da esquerda e diz que grupos “centristas” estavam prestes a perder assentos.
Na França, o Le Monde repercutiu a decisão do presidente Emmanuel Macron de dissolver o Parlamento de seu país diante do fracasso de seu partido no pleito europeu. O jornal francês também deu grande destaque para a evolução do Rassemblement National (Reagrupamento Nacional, em português), da direitista Marine Le Pen, na eleição para o Parlamento continental.
Veículos britânicos como o The Times e o Daily Mail também trataram a eleição europeia apenas sob a ótica de vitória da direita e da decisão de Macron de dissolver o Parlamento francês. O The Times, por sinal, chegou até a dizer que a decisão de Macron, segundo comentaristas políticos franceses, seria um “suicídio político”. Sobre uma derrota da esquerda, nada foi escrito.
Outros jornais de grande porte ao redor do mundo, como o El País (Espanha), o La Nación (Argentina), o Bild (Alemanha) e o Le Soir (Bélgica) seguiram no mesmo rumo de direcionar seus noticiários para a repercussão que o certame político europeu teve na França. Em todos eles, o fortalecimento da direita, por vezes com a alcunha de “extrema”, também permeou as manchetes.
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