Conecte-se conosco

Economia

PRIMEIROS SINAIS DE DEMÊNCIA PODEM APARECER NA (FALTA DE) ORGANIZAÇÃO FINANCEIRA

Publicado em

em

Arquivos financeiros em desordem. Pagamentos atrasados ​​e avisos de corte de serviço de última hora. Vários saques bancários diários. Compras fora do comum.

Quando um membro da família que foi bastante responsável com dinheiro durante toda a vida se torna descuidado com suas finanças, pode ser um sinal de demência ainda não diagnosticada.

Pesquisadores do Federal Reserve (Fed, o BC dos EUA) de Nova York analisaram relatórios de crédito dos EUA e os dados do Medicare e descobriram que nos cinco anos anteriores ao diagnóstico de demência, as pontuações médias de crédito de uma pessoa podem começar a cair e suas inadimplências de pagamento aumentam.

“Os efeitos financeiros prejudiciais de distúrbios de memória não diagnosticados exacerbam a pressão financeira já substancial que as famílias enfrentam após o diagnóstico”, escreveram os pesquisadores.

“Além da suscetibilidade à inadimplência de pagamento, o estágio inicial [doença de Alzheimer e distúrbios relacionados] pode afetar novas aberturas de contas e acúmulo de dívidas, utilização de crédito e/ou mix de crédito.”

Suas descobertas ecoam os resultados de um estudo de 2020 da Johns Hopkins Bloomberg School of Public Health.

Perda de registros

Marcey Tidwell, que mora em Bloomington, Indiana, disse que essas descobertas “não são nem remotamente chocantes”. A mãe de Tidwell foi diagnosticada com uma forma de demência em 2020 e mora com a filha desde então.

Tidwell disse que, durante a maior parte de sua vida, sua mãe foi um “ser humano escandalosamente metódico”, que mantinha as contas pagas e os registros da família organizados enquanto seu marido seguia carreira militar.

Depois de analisar os papéis de sua mãe este ano, Tidwell supõe que a sua memória começou a falhar por volta de 2015, porque daquele ponto em diante seus registros se tornaram “menos do que perfeitos”.

Por exemplo, Tidwell disse que a matriarca costumava manter um registro imaculado de cheques emitidos, depósitos e saques feitos em seu registro de talão. Mas isso virou uma bagunça.

“Havia um monte de coisas riscadas e ela estava obsessivamente adicionando e re-adicionando — ela sabia que as coisas não eram tudo o que poderiam ser. Mais tarde, vi que ela tirou grandes quantias de suas economias, mais do que precisava para compras”.

Ex-executivo financeiro acumula pilhas de contas não pagas

Karen Lemay, que mora em Ottawa, Canadá, sabia que algo estava realmente errado com seu pai em 2022 quando viu em sua mesa pilhas de avisos de pagamento atrasado e alertas de notificação final de provedores de serviços e seguradoras.

O pai dela era um ex-executivo financeiro que “era muito conservador com seu dinheiro, muito inteligente e nunca imprudente com ele”, disse. E ele havia impressionado fortemente sua filha sobre a importância de pagar o cartão de crédito integralmente todo mês para evitar juros.

No entanto, Lemay descobriu que devia US$ 50.000 em encargos, juros e taxas de pagamento atrasado em um cartão Visa.

Ele também financiou a compra de um carro novo do qual não precisava, poucos meses antes de a polícia tirar sua carteira de motorista. Normalmente, ele só compraria carros usados ​​de luxo com dinheiro, disse ela.

Além disso, sua filha observou que ele deixou de pagar seus impostos de 2021. Então ele acabou devendo ao governo cerca de US$ 20.000, a maior parte dos quais era por atrasos e multas por pagamento insuficiente.

“Falei com ele sobre alguns de seus saldos e ele se recusou a acreditar que não os havia pago”, disse Lemay.

Esforços de uma filha para reduzir preocupações financeiras

Jayne Sibley, que mora no Reino Unido, conhece a dor e o estresse de lidar com comportamentos financeiros que podem indicar demência. Seu pai e sua mãe foram diagnosticados com diferentes formas da doença.

Seu pai se mudou para uma casa de repouso anos atrás, mas sua mãe, agora falecida, permaneceu em seu próprio lar, embora com cuidados domiciliares.

“A coisa mais desafiadora que enfrentamos foi administrar o dinheiro diário da mãe conforme sua condição progredia. Ela gastava demais em coisas que não precisava ou não queria. Itens aleatórios, equipamentos de limpeza, comida de luxo. Ela também foi vítima de golpes por telefone — uma apólice de seguro falsa, esse tipo de coisa”, disse Sibley.

Sua mãe também tirava dinheiro do caixa eletrônico duas a três vezes por dia e dava a qualquer um que pedisse.

Consciente de quão altos eram os custos de cuidados de longo prazo, dada a situação de seu pai, Sibley disse que temia que sua mãe gastasse o dinheiro que seria necessário para seus próprios cuidados.

Embora a condição da mãe a tornasse vulnerável com dinheiro, ela inicialmente ainda conseguia andar, fazer compras e praticar ioga sozinha. Em outras palavras, ela conseguia manter grande parte de sua autonomia e laços sociais.

Para tentar conter a saída de dinheiro, Sibley e seu irmão tentaram distribuir uma semana de dinheiro para sua mãe, “mas ela gastava tudo de uma vez”, disse ela. O mesmo aconteceu quando tentaram dividir o dinheiro em envelopes diários.

Por fim, eles tiraram seu cartão de débito. Mas, logo depois, sua condição piorou, disse Sibley. “Ela não conseguia manter suas rotinas familiares e conexões sociais. Foi quando percebemos que tinha que haver uma maneira melhor.”

Com seu marido, ela fundou a Sibstar, que oferece um cartão de débito no Reino Unido que pode ser usado por uma pessoa com demência para manter algum senso de autonomia financeira e engajamento social.

Quando necessário, os cuidadores familiares podem monitorar suas transações de débito por meio de um aplicativo.

À medida que a condição de uma pessoa piora, o cuidador pode definir limites sobre quanto dinheiro pode ser gasto em um determinado dia ou semana e onde o cartão pode ser usado (por exemplo, em caixas eletrônicos, online ou no supermercado).

O planejamento antecipado diminui um pouco o estresse

Embora existam poucas ferramentas financeiras específicas para demência para reduzir as chances de alguém desperdiçar seu próprio dinheiro arduamente ganho, há medidas que se podem tomar para tornar mais fácil assumir o controle sobre as finanças de outra pessoa quando ela fica incapacitada.

Em 2008, um ano após seu pai morrer sem um testamento e uma dúzia de anos antes de sua mãe ser diagnosticada com demência, Tidwell disse que ela e seus irmãos levaram sua mãe a um advogado para garantir que ela tivesse um testamento, nomeou seu representante médico e indicou a pessoa a quem ela daria procuração para cuidar de seus assuntos financeiros, caso necessário.

Isso tornou mais fácil para Tidwell, entre outras coisas, obter acesso online, em 2018, à conta bancária de sua mãe para garantir que nada estivesse errado. Em 2020, ela automatizou o pagamento de contas.

“A hora de fazer planos é antes de precisar. É difícil exagerar o presente que aquela ida ao advogado em 2008 foi para o meu “futuro eu”, disse Tidwell, que administra totalmente as finanças da mãe agora que sua condição piorou consideravelmente.

Como a demência pode piorar com o tempo e como alguém nos estágios iniciais pode não reconhecer que é mais vulnerável a erros financeiros e golpes, o Instituto Nacional do Envelhecimento dos EUA recomenda que a família tome medidas desde o início para aliviar essas preocupações, como configurar pagamentos automáticos de contas para a pessoa com demência.

É claro que nenhuma quantidade de planejamento financeiro avançado pode aliviar a tristeza de ver um familiar com demência declinar.

“Eu me preparei o melhor que pude, mas ainda é difícil”, disse Tidwell.

É por isso que ela aconselha qualquer pessoa que esteja potencialmente enfrentando uma situação semelhante a, em suas palavras, “tornar  fácil a parte fácil”.

CNN BRASIL

Continue lendo
Clique para comentar

Deixe uma Resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Economia

ARRECADAÇÃO DE IMPOSTOS SOBE 9,62% EM 2024 E ALCANÇA RECORDE

Publicado em

em

Por

A arrecadação de impostos e contribuições federais fechou 2024 em R$ 2,653 trilhões. A informação foi divulgada, nesta terça-feira (28), pela Receita Federal.

O resultado representa uma alta real (descontada a inflação) de 9,62% na comparação com 2023, quando o recolhimento total de tributos havia somado R$ 2,318 trilhões, em valores nominais, resultado que ficava atrás apenas do recorde de 2022. Com isso, o resultado de 2024 foi o melhor da série histórica em termos reais. A série histórica da Receita Federal começa em 1995.

Em 2024, houve um crescimento da arrecadação do IRRF Capital, em decorrência da lei aprovada em 2023 sobre a tributação de fundos de investimentos, e uma melhora no desempenho da arrecadação do PIS/Cofins, em razão, entre outros aspectos, do retorno da tributação incidente sobre os combustíveis.

O desempenho do Imposto de Importação e do IPI vinculado à Importação, em função do aumento das alíquotas médias desses tributos, também ajudou no resultado, assim como os recolhimentos, de aproximadamente R$ 7,4 bilhões a título de atualização de bens e direitos no exterior (Lei 14.754/23), repercutindo na arrecadação do IRPF.

A arrecadação de impostos e contribuições federais somou R$ 261,265 bilhões apenas em dezembro de 2024, uma alta real de 7,78% na comparação com o resultado de dezembro de 2023, quando o recolhimento de tributos somou R$ 231,225 bilhões, a preços correntes. As informações são do Estadão.

PLENO.NEWS

Continue lendo

Economia

APÓS CRISE, GOVERNO DECIDE ACABAR COM A FISCALIZAÇÃO DO PIX

Publicado em

em

Por

Diante da crescente insatisfação em torno das novas regras de fiscalização do Pix, o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, anunciou, nesta quarta-feira (15), que o governo Lula (PT) desistiu da medida por ora.

De acordo com Barreirinhas, a gestão federal vai revogar a Instrução Normativa 2.219/2024, que ampliou as regras de fiscalização das operações financeiras e que havia passado a valer no início deste ano.

– É para evitar judicialização e mentiras que a Receita Federal está tomando a atitude de revogar [a norma]. O advogado-geral da União, Jorge Messias, vai falar como vamos chegar nos autores das fake news. Tudo isso para resguardar as pessoas – declarou em coletiva de imprensa ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, depois de participar de reunião no Palácio do Planalto.

Na ocasião, ele afirmou que nos últimos dias “pessoas inescrupulosas distorceram e manipularam o ato normativo da Receita Federal, prejudicando muita gente no Brasil, causando pânico principalmente na população mais humilde e desacreditando em um instrumento de pagamento muito importante no dia a dia das pessoas”.

Na sequência, Barreirinhas disse que o dano causado pela polêmica é “continuado” e, por isso, ele decidiu revogar o ato “em um primeiro momento”.

– Essa revogação se dá por dois motivos: um deles é tirar isso que virou, infelizmente e tristemente, uma arma nas mãos desses criminosos inescrupulosos. E a segunda razão é não prejudicar o debate e a tramitação do ato que vai ser agora anunciado pelos ministros – adicionou.

O ato mencionado por Barreirinhas é uma Medida Provisória (MP) que o governo vai assinar a fim de, segundo a equipe econômica, reforçar os princípios de gratuidade e de sigilo bancário da utilização do Pix.

Barreirinhas prometeu que haverá novos “rounds” pela frente e que essa luta “vai continuar”.

PLENO.NEWS

Continue lendo

Economia

NÚMERO DE TRANSAÇÕES DE PIX TEM MAIOR QUEDA DESDE O LANÇAMENTO

Publicado em

em

Por

Em meio à enorme repercussão da nova regra da Receita Federal que amplia o controle do Fisco sobre as informações relacionadas às operações financeiras, o Pix – um dos mecanismos que serão rastreados – sofreu sua maior queda na quantidade de transações desde o lançamento, em novembro de 2020.

De acordo com um levantamento realizado pelo jornal O Globo com base nos dados do Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI) do Banco Central, a quantidade de operações no Pix entre 4 e 10 de janeiro somou 1,250 bilhão, uma queda de 10,9% ante o mesmo período de dezembro.

Antes dessa forte queda, a maior redução das operações tinha acontecido em janeiro de 2022, quando as transações em Pix tinham caído 7,5% na comparação com o mês anterior. Os dados dos primeiros dias de cada mês são importantes justamente por serem do período que concentra o maior volume de transferências, já que inclui as datas em que a maioria dos salários é paga.

A redução nas transações por Pix no primeiro mês do ano parece refletir o temor explicitado por parte da população nas últimas semanas nas redes sociais: de que a nova regra que amplia o rastreamento das operações financeiras no país pode fazer com que a tributação alcance um número maior de pessoas e empresas, especialmente os negócios informais e autônomos.

PLENO.NEWS

Continue lendo