O júri de Alexandra Salete Dougokenski, acusada de matar o filho, Rafael Winques, em maio de 2020, recomeça nesta segunda-feira (16), às 9h, no Salão do Júri da Comarca de Planalto, no Norte do Rio Grande do Sul, presidido pela juíza Marilene Parizotto Campagna.
Alexandra está presa e responde por quatro crimes: homicídio qualificado (motivo torpe, motivo fútil, asfixia, dissimulação e recurso que dificultou a defesa), ocultação de cadáver, falsidade ideológica e fraude processual.
“A única responsável pela morte do Rafael é a Alexandra. Ela agiu sozinha, ela premeditou o crime, ela executou o crime e ela passou 10 dias enganando toda a comunidade tentando despistar a real localização do corpo e, consequentemente, a prática do crime”, diz a promotora Michele Taís Dumke Kufner.
O advogado Jean Severo diz que “Alexandra vai sustentar que quem matou o Rafael, não se sabe de maneira dolosa ou culposa, foi Rodrigo [Winques, pai da criança]”.
O advogado Daniel Tonetto, que representa Rodrigo, afirma que Alexandra “é culpada por esse crime, todas as provas indicam isso e mostram de forma cristalina”.
O julgamento havia começado em março de 2022, mas foi encerrado cerca de 11 minutos depois, devido a um desentendimento entre a defesa e a acusação. O novo julgamento foi marcado, inicialmente, para ocorrer em abril de 2023, mas foi antecipado em razão de o processo estar pronto e pelo dever de primar pelos princípios da eficiência, economicidade e publicidade, de acordo com a juíza.
A previsão é de que no júri, a partir desta segunda, sejam ouvidas em plenário 11 testemunhas. Destas, três serão ouvidas por videoconferência. Também está prevista a acareação de Rodrigo Winques, pai de Rafael que figura no processo como assistente de acusação, com Alexandra Dougokenski. A acareação é um procedimento em que há confronto entre partes, testemunhas ou outros participantes de processo judicial, quando há divergência nas suas declarações.
O tempo destinado ao Ministério Público e à banca de advogados que representam Alexandra, liderada por Jean Severo, será de 2h30 para cada. Haverá ainda tempo para réplica e para a tréplica, conforme ajustado pelas partes.
JURI CANCELADO:
O júri de Alexandra Salete Dougokenski, acusada de matar o filho, começou às 10h da manhã de 21 de março de 2022 e foi encerrado cerca de 11 minutos depois, devido a um desentendimento entre a defesa e a acusação.
Os defensores da ré levantaram questão de ordem, mencionando a existência de um suposto áudio que foi encontrado no telefone do pai de Rafael, Rodrigo Winques, enviado às 23h55 do dia 15 de maio. Trata-se de um áudio de três segundos de duração, no qual é possível ouvir a voz de uma criança.
No áudio extraído do celular do pai do menino, é possível ouvir a voz de uma criança dizendo “sim, ela tá falando com a minha mãe ali”. Conforme a defesa de Alexandra, o áudio chegou ao celular do pai do menino em 15 de maio de 2020, às 20h33. No entanto, o menino já estaria morto entre a noite anterior e a manhã do dia 15, o que tornaria impossível que ele tivesse feito a gravação. É por isso que os advogados pediram a liberdade da ré e o cancelamento do processo.
Uma análise técnica feita pelo Núcleo de Inteligência do Ministério Público (NIMP) apontou que o áudio não foi enviado pelo menino para o celular do pai. Para o MP, a análise erruba o argumento porque comprova que o áudio não foi gravado na noite de 15 de maio. O arquivo foi recebido pelo celular do pai a partir de um encaminhamento, ou seja, uma terceira pessoa enviou o áudio para ele – não se trataria de um áudio original e que ele poderia ter sido gravado antes. No entanto, segundo o promotor Taborda, não foi possível identificar quem fez o encaminhamento.
-G1