“Eu não tenho pai, tenho três irmãos e minha mãe é viúva. Eles dependem de mim. Eu sou o filho mais velho e eu não tenho emprego no meu país. Eu orava a deus e pedia uma oportunidade de viajar. Eu vi o navio, e decidi entrar e tudo pra dar um futuro melhor para a minha família e para mim”, relatou Romam.
O imigrante destaca o que pensava enquanto estava viajando, no meio do oceano. Eles achavam que estavam indo para a Europa.
“Quando eles me disseram que era o Brasil, eu fiquei tão feliz. Eu não sabia onde eu estava! Finalmente vi uma equipe de resgate. Eu estava orando e pedindo por comida e água por cinco dias. Eu vim atrás de uma vida melhor. Eu vou dar tudo de mim pra conseguir trabalhar”.
Matthew tem dois filhos e relata que perdeu a casa nas enchentes de 2020 na Nigéria.
“Eu não consigo pagar a escola deles. Eu não consigo alimentá-los. Eu tinha que sair da Nigéria” disse.
Roman foi quem pediu ajuda ao agente da Polícia Federal que realizou o resgate.
“Você fica com medo, porque a água era tão forte, e o barulho do motor… a única coisa em que você pensa é pedir a Deus pra te proteger. Você não pensa em mais nada. Onde nós estávamos, era muito perigoso e arriscado. Todo mundo estava com muito medo. Nós temos sorte de estarmos bem”.
Roman e Matthew passaram alguns dias em um abrigo na região de Serra, na Grande Vitória. Depois, eles vão viajar a São Paulo, onde vão ser acolhidos por uma missão da Igreja Católica. Enquanto solicitantes de refúgio, eles vão ter os mesmo direitos de um cidadão brasileiro.
O resgate
Imagens exclusivas mostram o resgate de quatro homens nigerianos que viajaram escondidos no leme de um navio – dispositivo que dá a direção do navio, da África até a Costa Brasileira.
A viagem dos imigrantes durou 14 dias, saindo do Porto de Lagos, na Nigéria, em um navio com bandeira da Libéria chamado Ken Wave.
“Eles informaram que já estavam há pelo menos três dias sem água num local insalubre, úmido, frio, a noite, quente durante o dia. Eles podem também eventualmente cair daquela estrutura no meio do oceano, o que seria fatal”, conta o agente.
Os nigerianos contaram que fizeram parte do trajeto sentados no leme e que na maior parte do tempo ficaram dentro da caixa da máquina do leme – um espaço que serve para a manutenção do dispositivo.
Após o resgate, os quatro imigrantes ficaram sob responsabilidade da seguradora do navio. Dois deles retornaram para a Nigéria com as despesas pagas pela seguradora.
-G1