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Atos golpistas: o que a Abin rastreou sobre financiadores e novas tentativas de ataques
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2 anos atrásem

1. Empresários que contrataram ônibus fretados para transportar os golpistas
A Abin identificou 83 pessoas e 13 organizações que contrataram 103 ônibus fretados com objetivo de transportar para Brasília 3.875 pessoas, todas já identificadas. De acordo com o mapeamento feito pela agência, a grande maioria dos contratantes é da região Sul e Sudeste.
Apesar disso, “é provável que diversos contratantes tenham sido utilizados como ‘laranjas’ com objetivo de ocultar os verdadeiros financiadores das caravanas e dos manifestantes”.
Entre os financiadores identificados está Pedro Luis Kurunczi, empresário do ramo de engenharia de Londrina (PR), que seria responsável por locar quatro ônibus que foram a Brasília transportando 153 pessoas.
Outro identificado foi Marcelo Panho, de Foz do Iguaçu (PR), que locou dois ônibus para transportar 73 pessoas. Ambos foram alvos da operação Lesa Pátria, da Polícia Federal, em fevereiro.
2. Envolvimento de empresários do garimpo no financiamento dos atos golpistas
A partir da análise de máquinas usadas no garimpo ilegal no Pará, foi rastreada uma rede de empresários que financiou manifestações contrárias ao resultado das eleições.
O relatório destaca que os empresários Roberto Katsuda e Enric Lauriano estão diretamente associados à prática do garimpo e possuem relação com políticos da região.
Segundo o documento, Lauriano financiou manifestações no Pará e em Brasília e esteve presente nos atos golpistas de 8 de janeiro.
A agência classifica Katsuda como “notório defensor de garimpos em áreas protegidas e visto como um dos maiores articuladores políticos” do tema.
Oito retroescavadeiras identificadas eram usadas em atividades ilegais dentro das Terras Indígenas Kayapó e Trincheira-Bacajá, no sudeste do Pará.
Três equipamentos apresentavam como última proprietária a empresa BMC Máquinas, Equipamentos Pesados, Engenharia e Locações, administrada por Felipe Sica Soares Cavalieri, com sede em Itatiaia (RJ). Outras quatro retroescavadeiras eram dessa empresa, mas foram revendidas.
A filial da BMC em Itaituba (PA) é administrada pela filha de Roberto Katsuda e é o principal ponto logístico para o garimpo na bacia do Rio Tapajós.
Katsuda “financia a estrutura do lobby garimpeiro do vereador Wescley Tomaz”. Pelo documento, os dois fazem parte da comissão pró-garimpo junto com Fernando Brandão, dono de um escritório de advocacia, e Guilherme Aggens, engenheiro florestal da Geoconsult Pará.
Desde 2018, o grupo realizou diversas reuniões com parlamentares e ministros em Brasília, inclusive com a participação de Bolsonaro, para liberação do garimpo em Unidades de Conservação e Terras Indígenas.
Devido à influência desses empresários, foi proposto o projeto de lei (PL) 191/2020, que busca regulamentar o garimpo em terras indígenas.
3. Empresas transportadoras que deram suporte às ações violentas
O relatório identificou 272 caminhões que integraram comboios para Brasília a partir de 4 de novembro de 2022. A grande maioria está registrada nos seguintes estados: Mato Grosso (136), Goiás (46), Bahia (46) e Paraná (26).
Dos 272 veículos, 132 caminhões estão registrados em nomes de empresas, o que, de acordo com a Abin, representa envolvimento de grupos empresariais no financiamento ao acampamento no QG do Exército.
Os demais veículos, 140, estão em nome de pessoas físicas. Mas não pertenciam a caminhoneiros autônomos. Os proprietários são sócios em empresas de médio porte do setor agropecuário.
“A idade dos caminhões reforça o indício de envolvimento de grupos empresariais. Veículos de caminhoneiros autônomos têm, em média, 18 anos de uso. No entanto, aproximadamente 65% dos caminhões presentes nos comboios são novos e seminovos (ano modelo a partir de 2019). Somente 18 dos 272 caminhões analisados (6%) têm 18 anos ou mais.”
O documento traz as principais rotas percorridas até Brasília e os nomes das companhias envolvidas. A empresa com mais caminhões (10) é a Sipal Indústria e Comércio, de Paranaguá, no Paraná. O faturamento estimado do negócio em 2021 foi de R$ 250 milhões.
A Sipal atua na moagem de grãos e, também, na criação de bovinos e aves.
4. Ameaças de novas ações violentas como identificação de explosivos em locais públicos e sabotagem de sistemas de controle industriais
A Abin avaliou que o formato dos ataques poderia mudar após o 8 de janeiro. Em vez de manifestações, havia maior risco de atos de vandalismo, sabotagem e ataques a sistemas de controle, como, por exemplo, os de distribuição de energia, gás e gasolina.
A agência relatou, no fim de janeiro, que permanecia “o risco de mobilização violenta de atores isolados ou pequenas células” e de “ameaças por indivíduos radicalizados que não foram localizados e detidos”.
Em 10 de janeiro, uma mochila foi encontrada em um viaduto de Feira de Santana (BA) com quatro artefatos que poderiam ser explosivos conectados a uma placa eletrônica.
No dia seguinte, foi encontrado um explosivo próximo à Rodoviária do Plano Piloto, em Brasília, que foi retirado pela polícia.
“Há tendência de formação de agrupamentos menores, mais fechados e formados por indivíduos radicalizados com maior propensão à ação violenta, e de mudança do modus operandi, passando de ações ostensivas, como bloqueios e manifestações, para atos de vandalismo, sabotagem e ataques contra ICs [sistemas de controle]”, diz o relatório.
Este documento cita ainda que “Ramiro dos Caminhoneiros”, liderança da categoria que fez convocações para os ataques, seguia enviando mensagens chamando os grupos para novos protestos.
5. Ataques a torres de linhas de transmissão de energia com objetivo de causar prejuízo no abastecimento
O relatório lista nove tentativas de sabotagem a torres de linhas de transmissão que possuem “relevância estratégica para a matriz energética nacional”:
- Dia 14 de janeiro, foram detectados danos a estruturas das torres das linhas de transmissão da Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). A companhia avaliou o ataque como de “alto risco” porque a queda de uma dessas torres causaria prejuízo ao abastecimento de energia na região.
- Em 28 de dezembro de 2022, houve tentativa de derrubar uma torre em Loreto (MA). Dois botijões de gás foram encontrados no local pela equipe da Eletronorte prontos para explodir.
- Em duas cidades de Rondônia, Cujubim e Rolim de Moura, cabos de sustentação das torres de transmissão foram intencionalmente rompidos em 8 de janeiro. Depois, em 14 de janeiro, houve a queda de uma torre em Pimenta Bueno, com indícios de vandalismo e sabotagem.
- Em Medianeira (PR), houve queda de uma torre e danos em três torres próximas a ela no dia 9 de janeiro. No dia 16 do mesmo mês, peças de sustentação da torre em Cascavel foram roubadas.
- Em São Paulo, foram retiradas da torre de Rio das Pedras diversas peças de sustentação da sua estrutura no dia 12 de janeiro.
- Em Cuiabá, no Mato Grosso, a Eletronorte identificou que parafusos foram removidos da parte inferior da torre.
6. Influenciador digital que participava de grupos extremistas em aplicativo com convocações para os atos golpistas
A Abin apresenta informações a respeito de um extremista radical, de 24 anos, que propunha a resistência civil contra o Estado brasileiro, no contexto do governo Lula.
O jovem se manifestava em listas no Telegram. Ele é membro de 119 grupos do aplicativo. As conversas incitavam novas ações violentas, depois do 8 de janeiro, e tratavam da criação de grupos paramilitares.
O extremista declarou que estava estruturando um grupo paramilitar no estado do Rio de Janeiro, que teria integrantes da polícia, para “prover treinamento e armamento aos demais membros”.
Ele defendia criar células de “autodefesa” por todo o país para defender os interesses da extrema-direita, assim como foi feito na Ucrânia, em 2014.
“Além de trocarmos informações, devemos buscar nos organizar em células de autodefesa locais, porque a partir do momento que eles dominaram tudo, seus ‘coletivos’ como na Venezuela, já não teremos muito o que fazer”, afirmou em mensagem no dia 16 de janeiro, em um dos grupos.
7. Participante de atos extremistas que auxiliou bolsonaristas a saírem do DF
Neste relatório, a agência investigou um candidato a deputado distrital em 2022 pelo PTB que organizou campanha on-line e, com os recursos, comprou passagens de ônibus. Os bilhetes eram para bolsonaristas que estavam acampados em frente ao QG do Exército em Brasília voltarem para seus estados.
O jovem de 26 anos tentou invadir a sede da Polícia Federal em dezembro e participou dos ataques de 8 de janeiro. Nas redes sociais, ele repercute notícias falsas referentes às eleições de 2022 e critica a prisão dos vândalos que depredaram os prédios dos Três Poderes.
Ele recebeu R$ 50 mil do partido para disputar as eleições para a Câmara Legislativa do Distrito Federal, mas não foi eleito.
8. Intensificação da atuação de extremistas violentos de direita
Neste relatório, produzido dez dias após os ataques, a Abin notou uma intensificação na atuação dos chamados extremistas violentos ideologicamente motivados (EVIM).
Esse movimento decorreu da crescente radicalização de uma parte dos manifestantes que contestavam, sem fundamento, a validade do processo eleitoral.
“A disseminação de narrativas de incentivo à violência, somada ao emprego de discurso conspiratório, à difusão de notícias falsas e à veiculação de reivindicações de ruptura democrática, aumenta o risco de radicalização de indivíduos isolados ou pequenos grupos com potencial para mobilização para ação extremista violenta”, afirma o relatório.
A Abin aponta que já existia um “elevado grau de radicalização e potencial para mobilização para violência” mesmo antes dos ataques de janeiro, como foi possível ver na tentativa de invadir a Polícia Federal e a tentativa de explodir um caminhão-tanque carregado de combustível, no aeroporto de Brasília.
Conforme o documento, após a desmobilização parcial do acampamento no QG do Exército, as convocações passaram a ser realizadas em redes sociais, a partir de 3 de janeiro. A ideia inicial era que as invasões ocorressem em 6 de janeiro, em alusão à invasão do Capitólio, nos Estados Unidos.
Ainda diz que as ações violentas foram premeditadas, uma vez que foram identificadas mensagens que aconselhavam o uso de máscaras de proteção contra gás, vestimentas militares e porte de armas brancas ou armas improvisadas.
“Circularam em mídias sociais e aplicativos de mensageria instruções para confronto com forças de segurança, incluindo contramedidas em caso de uso de gás lacrimogêneo”.
9. Mapeamento dos presos e foragidos no 8 de janeiro
A Abin lista o nome de 28 pessoas envolvidas com os ataques, mas que não tinham sido presas até 26 de janeiro. Os suspeitos foram classificados em seis categorias: lideranças identificadas, invasores com acesso a arma de fogo, influenciadores, organizadores de caravanas, financiadores e invasores.
Ao menos três foram presos após a elaboração do documento em operações da Polícia Federal:
- Eduardo Antunes Barcelos: classificado pela Abin como invasor com acesso a arma de fogo.
- Joelson Sebastião Freitas: classificado pela Abin como invasor com acesso a arma de fogo.
- Marisa Aparecida Aires Nogueira: classificada pela Abin como invasora com acesso a arma de fogo.
10. Identificação de grupo extremista violento em Brasília que poderia ameaçar a posse do presidente Lula
Este é o relatório mais antigo, produzido no ano passado. Nele, o órgão mapeou a presença de um grupo extremista violento em Brasília que poderia trazer ameaças para a posse do presidente Lula, em 1º de janeiro deste ano.
“A presença desse grupo extremista na capital federal eleva o risco de ocorrência de ações violentas com potencial de impactar a posse do presidente eleito.”
O alerta foi dado a partir de quatro fatores:
- militares da reserva são integrantes do grupo;
- presença de membros do grupo nas proximidades da sede da Polícia Federal durante a diplomação do presidente Lula, quando houve tentativa de invasão do órgão;
- comunicação com um movimento radical, que tinha como objetivo criar unidades paramilitares para atuar no país;
- um dos líderes ter publicou vídeo, em 22 de dezembro, dizendo que “a partir de então seria iniciada nova fase dos atos de protesto, pois o povo estava inflamado e não iria entregar o país ao crime político organizado”. E que se a “salvação” não viesse pelo amor, viria “pela dor”.
De acordo com a Abin, os membros do grupo “compartilham posição político-ideológica semelhante, discurso radical de deslegitimação do Estado de Direito e propensão à ação violenta”.
Um dos líderes do grupo, inclusive, invadiu o plenário da Câmara dos Deputados, em 2016, durante um ato que pedia intervenção militar no país.
Além disso, o grupo também foi responsabilizado por incitar a “desordem” durante o desfile de 7 de setembro de 2021, em Brasília.
A agência ainda informou que apesar de ser um grupo sem grandes recursos para financiamento de ataques, “[o grupo] tem capacidade, motivação e meios para planejar, executar ou prestar suporte a um ato extremista violento”.
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MULHER NUA É ABORDADA EM ORLA E CONFESSA TER MATADO O PAI
Publicado em
16 horas atrásem
18/08/2025Por
RedaçãoUma mulher de 41 anos foi presa em flagrante por homicídio na cidade de Itanhaém (SP), neste sábado (16). Ela caminhava nua pela orla da praia quando foi abordada por guardas municipais, momento em que confessou ter esfaqueado o próprio pai, de 74 anos.
Os policiais foram até o apartamento onde pai e filha moravam e encontraram a vítima morta com várias perfurações causadas por faca. As informações são da Secretaria de Estado de Segurança Pública.
A mulher recebeu atendimento médico e foi levada à delegacia do município, onde permaneceu presa. Ela disse à polícia que cometeu o crime devido ao estresse acumulado nas atribuições por cuidar do idoso.
– O cenário que nós colhemos é de uma pessoa que tinha a incumbência de cuidar do seu pai e esse cenário, essas atribuições dela, de cuidados com o pai foram se alargando ao longo do tempo por conta dele ter ficado mudo – disse o delegado Luiz Carlos Vieira.
A faca e equipamentos eletrônicos encontradas no local do crime foram recolhidos para perícia.
*Com informações AE
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Câmara de Vereadores de Constantina Informações
INFORMATIVO DA CÂMARA DE VEREADORES DE CONSTANTINA 16/08/2025
Publicado em
3 dias atrásem
16/08/2025Por
RedaçãoGeral
JUIZ QUE LIBEROU PRESO COM 86 PASSAGENS É MARIDO DE TIBURI
Publicado em
5 dias atrásem
14/08/2025Por
RedaçãoNo fim de julho, uma decisão do juiz Rubens Casara, da 43ª Vara Criminal do Rio de Janeiro, provocou forte repercussão no meio jurídico e na opinião pública. O magistrado determinou a soltura de Patrick Rocha Maciel, de 20 anos, preso por roubo e dono de um histórico criminal impressionante: 86 anotações envolvendo furtos, porte de arma, lesão corporal e ameaças.
A ordem de liberdade ganhou contornos ainda mais controversos quando veio à tona a vida pessoal de Casara. Casado com a filósofa petista Marcia Tiburi — célebre pela frase “sou a favor do assalto”, que ela chama de “provocação filosófica” —, o juiz divide com a esposa um histórico de militância política e trabalhos conjuntos, como a peça Um Fascista no Divã, obra que satiriza a direita e critica Jair Bolsonaro (PL).
No caso de Maciel, o Ministério Público havia se posicionado pela manutenção da prisão preventiva. As imagens das câmeras de segurança mostravam o acusado arrombando portões e levando equipamentos eletrônicos de uma farmácia em Ipanema, na Zona Sul do Rio. Ainda assim, Casara entendeu que “a existência de anotações na folha penal não é pressuposto da prisão cautelar”.
O magistrado impôs medidas alternativas brandas: comparecimento mensal em cartório e proibição de deixar o estado por mais de sete dias, ambas válidas por apenas 100 dias. Críticos consideraram a decisão um símbolo da fragilidade do sistema judicial. O senador Sergio Moro (União Brasil-PR), por exemplo, reagiu nas redes, afirmando que “a porta giratória das audiências de custódia precisa acabar”.
Rubens Casara é autor de obras como Prisão: Além do Senso Comum e Estado Pós-democrático: Neo-obscurantismo e Gestão dos Indesejáveis. Suas ideias partem de um viés antipunitivista e anticapitalista. Sua esposa, Marcia Tiburi, candidata derrotada do PT ao governo do Rio em 2018, também adota discursos semelhantes, associando o neoliberalismo a formas de opressão comparáveis ao ato de roubar.
Desde a década passada, Casara já demonstrava alinhamento político com a esquerda, chegando a pendurar um retrato de Che Guevara em seu gabinete e a participar de atos com líderes do PSOL e MST. Em 2016, discursou contra o impeachment de Dilma Rousseff na orla de Copacabana, dizendo falar “como juiz de direito, não de direita”
Por essa razão, foi investigado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ) por atuação político-partidária, mas o caso acabou arquivado — decisão reforçada pelo Supremo Tribunal Federal (STF), em voto do ministro Ricardo Lewandowski, coincidentemente um indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para a Suprema Corte.
Membro do grupo Prerrogativas, que se opôs à Lava Jato e defende Lula, Casara protagonizou embates diretos com Sergio Moro. Em 2015, em audiência no Senado, comparou a proposta de prisão após segunda instância às práticas da Alemanha nazista e do fascismo italiano. A medida era algo defendido pelo hoje senador.
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