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Economia

Como a nova política de preços da Petrobras deve impactar o bolso do consumidor?

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Petrobras anunciou, no começo da manhã desta terça-feira (16), o fim da política de paridade de importação (PPI), que determina o preço dos combustíveis com base na cotação do dólar e do petróleo no exterior.

Em sua primeira ação após o anúncio, a estatal anunciou uma forte redução nos preços dos combustíveis. A gasolina tipo A caiu R$ 0,40 por litro (-12,6%), o diesel tipo A teve baixa de R$ 0,44 por litro (-12,8%), e o gás de cozinha GLP teve redução de R$ 8,97 por botijão de 13 kgs (-21,3%).

Especialistas ouvidos pelo g1 consideram que a nova política deve beneficiar o consumidor final no curto prazo, porque impede que oscilações muito drásticas no preço do dólar ou do petróleo sejam repassadas nos combustíveis.

Por outro lado, ainda não há clareza sobre qual será metodologia de cálculo dos preços a partir de agora. A principal preocupação é de que a nova política segure os preços na marra e traga impactos para as finanças da empresa no longo prazo.

Altas nos preços serão mais suavizadas

De acordo com Tiago Feitosa, analista de mercado financeiro e CEO da T2 Educação, o principal objetivo da Petrobras com o fim da PPI é suavizar as oscilações do dólar e do petróleo na composição dos preços dos combustíveis.

Com a PPI, até então, os valores acompanhavam a variação internacional. Agora, a perspectiva do especialista é que, os reajustes para cima demorem mais para serem repassados — e, quando forem, que isso ocorra em menor proporção.

Isso vai em linha com o que foi dito pelo presidente da estatal, Jean Paul Prates. O novo modelo, segundo ele, “não se afasta da referência internacional dos preços, mas sendo capaz de mitigar a volatilidade internacional”.

Ou seja, se o mercado de petróleo estiver aquecido em nível global, elevando o valor da commodity, a Petrobras também deve aumentar os preços dos combustíveis por aqui para se manter competitiva internacionalmente, mas essa alta deve ser limitada a um patamar que não afete drasticamente o poder de compra da população, explica Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital.

Impactos positivos na inflação

Luiz Calado, vice-presidente do IBEF-SP, afirma que, apesar de ainda não haver muita transparência sobre a nova metodologia de preços, essa medida deve ajudar a diminuir a inflação, sendo positiva para a economia em geral.

Carla Argenta, da CM, compartilha da mesma visão e considera que trazer o custo alternativo do cliente como a principal referência para os preços mostra, exatamente, um olhar da empresa para com o controle da inflação causada pelos combustíveis.

Frederico Nobre, economista e líder da área de análise da Warren, explica que, quando a Petrobras está falando sobre custo alternativo do cliente, esses clientes são, na verdade, as distribuidoras de combustíveis, e não exatamente o consumidor final.

“Embora a estatal ainda detenha a maior fatia do mercado de petróleo no Brasil, ela não tem mais o monopólio”, pontua Nobre.

Nesse sentido, os preços praticados pela companhia, seguindo essa lógica, sempre serão competitivos em relação ao de outras refinarias privadas e, inclusive, de empresas internacionais que vendem para o país.

Outro custo alternativo são os combustíveis substitutos, como o etanol, por exemplo. Os especialistas explicam que os produtos à base de petróleo deverão, também, se mostrar competitivos em relação aos outros.

O presidente da Petrobras disse que essa referência funciona como um mecanismo para “puxar o cliente de volta”. Assim, se o consumidor estiver preferindo outras empresas, a Petrobras deverá se apresentar como mais competitiva para manter sua parcela de mercado.

Com essas medidas, a expectativa dos especialistas é que a inflação dos combustíveis fique controlada, afetando também os preços de outros itens, principalmente os alimentos, já que o valor do frete também entra na conta.

Para Ricardo Hammoud, professor de Macroeconomia no Ibmec-SP, essa medida pode ser aproveitada pelo governo em momentos em que precisa de apoio ou próximo às eleições, já que o controle do preço dos combustíveis é uma política que tende a aumentar a aceitação por parte da população.

Falta de transparência no longo prazo

“O ponto negativo é que, no longo prazo, isso pode gerar problemas ao caixa da companhia, já que a Petrobras é, majoritariamente, vendedora de combustível para o mercado externo”, comenta Guilherme Lamonica, sócio da Matriz Capital.

Para Pedro Rodrigues, sócio do Centro Brasileiro de Infraestrutura (CBIE), nenhuma das variáveis apontadas pela Petrobras traz clareza de como influenciarão os preços em toda a cadeia de combustíveis.

“É um prejuízo ao acionista, que não vai saber qual a precificação da companhia. É ruim para a distribuidora, que não sabe se é hora de esperar, se o combustível vai subir ou descer. E é ruim para o consumidor, que também fica em dúvida”, afirma.

“Em resumo, a nova política tira transparência dos preços e permite que a empresa faça qualquer coisa”, finaliza.

-G1

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Economia

ARRECADAÇÃO DE IMPOSTOS SOBE 9,62% EM 2024 E ALCANÇA RECORDE

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A arrecadação de impostos e contribuições federais fechou 2024 em R$ 2,653 trilhões. A informação foi divulgada, nesta terça-feira (28), pela Receita Federal.

O resultado representa uma alta real (descontada a inflação) de 9,62% na comparação com 2023, quando o recolhimento total de tributos havia somado R$ 2,318 trilhões, em valores nominais, resultado que ficava atrás apenas do recorde de 2022. Com isso, o resultado de 2024 foi o melhor da série histórica em termos reais. A série histórica da Receita Federal começa em 1995.

Em 2024, houve um crescimento da arrecadação do IRRF Capital, em decorrência da lei aprovada em 2023 sobre a tributação de fundos de investimentos, e uma melhora no desempenho da arrecadação do PIS/Cofins, em razão, entre outros aspectos, do retorno da tributação incidente sobre os combustíveis.

O desempenho do Imposto de Importação e do IPI vinculado à Importação, em função do aumento das alíquotas médias desses tributos, também ajudou no resultado, assim como os recolhimentos, de aproximadamente R$ 7,4 bilhões a título de atualização de bens e direitos no exterior (Lei 14.754/23), repercutindo na arrecadação do IRPF.

A arrecadação de impostos e contribuições federais somou R$ 261,265 bilhões apenas em dezembro de 2024, uma alta real de 7,78% na comparação com o resultado de dezembro de 2023, quando o recolhimento de tributos somou R$ 231,225 bilhões, a preços correntes. As informações são do Estadão.

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Economia

APÓS CRISE, GOVERNO DECIDE ACABAR COM A FISCALIZAÇÃO DO PIX

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Diante da crescente insatisfação em torno das novas regras de fiscalização do Pix, o secretário da Receita Federal, Robinson Barreirinhas, anunciou, nesta quarta-feira (15), que o governo Lula (PT) desistiu da medida por ora.

De acordo com Barreirinhas, a gestão federal vai revogar a Instrução Normativa 2.219/2024, que ampliou as regras de fiscalização das operações financeiras e que havia passado a valer no início deste ano.

– É para evitar judicialização e mentiras que a Receita Federal está tomando a atitude de revogar [a norma]. O advogado-geral da União, Jorge Messias, vai falar como vamos chegar nos autores das fake news. Tudo isso para resguardar as pessoas – declarou em coletiva de imprensa ao lado do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, depois de participar de reunião no Palácio do Planalto.

Na ocasião, ele afirmou que nos últimos dias “pessoas inescrupulosas distorceram e manipularam o ato normativo da Receita Federal, prejudicando muita gente no Brasil, causando pânico principalmente na população mais humilde e desacreditando em um instrumento de pagamento muito importante no dia a dia das pessoas”.

Na sequência, Barreirinhas disse que o dano causado pela polêmica é “continuado” e, por isso, ele decidiu revogar o ato “em um primeiro momento”.

– Essa revogação se dá por dois motivos: um deles é tirar isso que virou, infelizmente e tristemente, uma arma nas mãos desses criminosos inescrupulosos. E a segunda razão é não prejudicar o debate e a tramitação do ato que vai ser agora anunciado pelos ministros – adicionou.

O ato mencionado por Barreirinhas é uma Medida Provisória (MP) que o governo vai assinar a fim de, segundo a equipe econômica, reforçar os princípios de gratuidade e de sigilo bancário da utilização do Pix.

Barreirinhas prometeu que haverá novos “rounds” pela frente e que essa luta “vai continuar”.

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Economia

NÚMERO DE TRANSAÇÕES DE PIX TEM MAIOR QUEDA DESDE O LANÇAMENTO

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Em meio à enorme repercussão da nova regra da Receita Federal que amplia o controle do Fisco sobre as informações relacionadas às operações financeiras, o Pix – um dos mecanismos que serão rastreados – sofreu sua maior queda na quantidade de transações desde o lançamento, em novembro de 2020.

De acordo com um levantamento realizado pelo jornal O Globo com base nos dados do Sistema de Pagamentos Instantâneos (SPI) do Banco Central, a quantidade de operações no Pix entre 4 e 10 de janeiro somou 1,250 bilhão, uma queda de 10,9% ante o mesmo período de dezembro.

Antes dessa forte queda, a maior redução das operações tinha acontecido em janeiro de 2022, quando as transações em Pix tinham caído 7,5% na comparação com o mês anterior. Os dados dos primeiros dias de cada mês são importantes justamente por serem do período que concentra o maior volume de transferências, já que inclui as datas em que a maioria dos salários é paga.

A redução nas transações por Pix no primeiro mês do ano parece refletir o temor explicitado por parte da população nas últimas semanas nas redes sociais: de que a nova regra que amplia o rastreamento das operações financeiras no país pode fazer com que a tributação alcance um número maior de pessoas e empresas, especialmente os negócios informais e autônomos.

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